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“Operação Furnas 2023” – Saiba como foi a maior operação já realizada em Minas

Entre os dias 9 e 23 de maio, a pacata cidade de São José da Barra (MG), viu-se tomada por uma intensa movimentação de meios e pessoal do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), sendo palco de mais uma edição da “Operação Furnas”, que nesta manobra de 2023 reuniu mais de 1.300 militares e diversos meios terrestres, aéreos e fluviais, no que se torna o maior exercício de operações da Força de Fuzileiros no estado de Minas Gerais.

Nosso editor esteve acompanhando a “Operação Furnas 2023”, partindo na manhã de 7 de maio, desde o Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais, onde seguiu até a localidade de Furnas, com o grupamento de marcha (Comboio), o que demandou dois dias de estrada, com direito a um pernoite a beira da rodovia em acampamento montado pelo Destacamento de Apoio ao Serviço de Combate (DASC). Essa fase inicial que envolve o deslocamento entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, será tema de uma matéria especial, onde você irá conhecer melhor a logística que envolve um desdobramento militar como o exigido pela “Operação Furnas 2023”.

Após a chegada ao teatro de operações e nossa rápida instalação no início da noite de segunda-feira (8), nos deparamos com a programação dos adestramentos previstos para esta edição, a qual foi dividida em três fases distintas e independentes, tendo como ponto inicial o Adestramento do “Quick Reaction Force” (QRF), força de reação rápida, a qual atingiu no nível 3 do Sistema de Prontidão de Capacidades de Manutenção da Paz das Nações Unidas (ONU), sendo este o mais alto nível já atingido por uma tropa brasileira.

 

ADEST-QRF

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Na manhã da terça-feira (09), nos dirigimos para o centro da cidade de São José da Barra, mas especificamente, para o Estádio Municipal Dona Belinha, onde foi desdobrado o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz (GptOpFuzNav-FPaz) de Reação Rápida, e a partir daquele momento, fomos imersos no cenário de uma hipotética missão da ONU, onde fomos “transportados” para realidade de “Carana”, país fictício utilizado nos temas táticos dos exercícios de forças de paz da ONU.

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Segundo o tema tático desenvolvido, a QRF havia sido desdobrada da Permanent Operation Base (POB), a base de operações permanente da ONU, que estaria localizada hipoteticamente na capital de “Carana” (Rio de Janeiro), para estabelecer uma Temporary Operation Base (TOB) base de operações temporária na província de “Mahbec” (São José da Barra), região que passava por instabilidade devido a ação de grupos armados e o assassinato de um líder local, o que levou a necessidade de uma ação de pronta resposta da ONU para estabilizar a região e dar prosseguimento ao processo de paz.

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O adestramento realizado entre os dias 9 e 12 de maio, levou os 223 militares que compõe o QRF a se deparar com cenários desafiadores, muito próximos da realidade que enfrentarão em uma missão real. Um ponto de destaque, é a presença feminina na tropa, a qual contou com a participação de 22 militares do sexo feminino, seguindo o que determina a ONU.

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Neste adestramento, foi possível ter uma visão prática do papel do Componente de Apoio ao Serviço de Combate (CASC), o que é uma inovação na doutrina de desdobramento e emprego da força expedicionária da Marinha do Brasil, sendo um conceito moderno e que confere maior eficiência ao contingente, e você irá conhecer melhor esta nova ferramenta da Força Expedicionária em um artigo detalhado sobre esse importante componente, e como ele confere maior capacidade de combate ao grupamento operativo.

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A tropa enfrentou cenários desafiadores, como controle de distúrbio, emboscada, segurança de autoridades, resposta a ação de grupos armados, dentre vários cenários, como patrulhas motorizadas e a pé, comboio operativo, em que se exercitam o abastecimento, transporte de tropas, e a segurança de instalações, os quais tiveram uma progressão no nível de dificuldade e exigência da tropa.

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O cenário característico da região da Represa de Furnas, possibilitou ao Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz de Reação Rápida (QRF) aperfeiçoar suas capacidades de operar em lagos e rios, onde foram realizadas atividades fluviais simulando a pratica de patrulhamento ribeirinho e de águas interiores, onde foram exercitadas as práticas de Vistoria e Inspeção (GVI), desembarque ribeirinho, dentre outras atividades.

ACISO

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Entre os dias 12 e 14 de maio, foi realizada uma Ação Cívico Social (ACISO), onde foi montado no ginásio de uma escola no centro da cidade de São José da Barra (MG), toda uma estrutura de apoio a população local, onde foi disponibilizado para os locais, atendimento médico, com consultórios de Clinica Geral, Pediatria e Odontologia, vacinação, corte de cabelo, além da população conhecer um pouco sobre as unidades da Marinha atuantes no exercício, sendo possível entrar na viatura blindada Piranha III e no CLAnf (Carro Lagarta Anfíbio).

No âmbito social, também foram realizadas apresentações públicas da Banda de Fuzileiros Navais, apresentação dos cães de guerra. O ápice das atividades sociais, se deu no domingo (14), com o desfile cívico na cidade vizinha de Passos, a qual comemorava seu aniversário.

OPERAÇÕES AÉREAS

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O domingo não se limitou as atividades do ACISO, na Base Aérea Expedicionária da Marinha em Furnas (BAE), foi marcante a presença da Força Aeronaval, a qual com apoio do Batalhão de Combate Aéreo, se estabeleceu na região, afim de também adestrar suas capacidades operativas expedicionárias e de apoio aéreo aproximado a infantaria. Com a presença de meios oriundos dos esquadrões “Pégasus” (EsdqHU-2), “Guerreiro” (EsqdHS-1) e “Águia” (EsdqHU-1), que levaram para localidade aeronaves UH-15 “Super Cougar”, um deles equipado com uma metralhadora MAG, UH-12 “Esquilo” e o SH-16 “Seahawk”, que demonstrou toda sua versatilidade de emprego, atuando como escolta aos “Super Cougars” em missões de infiltração de tropas, em cenário diurno e noturno, este último merece um grande destaque, por ser a primeira vez que se realiza uma operação noturna com emprego de visão noturna (OVN) por ambos esquadrões neste cenário. Você leitor irá conhecer mais sobre tal façanha em nosso próximo artigo abordando especificamente as atividades aéreas na “Operação Furnas 2023”.

DEMONSTRAÇÃO OPERATIVAblank

Coroando o final da primeira etapa da “Operação Furnas 2023”, na segunda-feira (15), foi realizada uma Demonstração Operativa (DemOp), a qual reuniu diversas autoridades civis e militares, contando com a presença dos prefeitos da região e o almirantado. Durante o evento, que ocorreu em etapas, com a primeira sendo a chegada das autoridades na BAE, seguindo a demonstração das capacidades operativas em missões de paz e defesa da soberania, as margens da Represa de Furnas, onde presenciamos ações comuns a uma operação de imposição da paz no âmbito da ONU, com atuação do QRF e seus diversos meios, como a  demonstração das capacidade dos especialistas em “Explosive Ordnace Disposal” (EOD), equipe de Descarte de Material Explosivo, que são treinados para desativar dispositivos explosivos. Após a desativação das mochilas “bomba”, foi simulado um ataque de insurgentes a posição dos “peacekeepers”, os quais defenderam a posição e receberam o reforço de tropas infiltradas por meio aéreo, com uma aeronave UH-15 “Super Cougar” do EsqdHU-2 realizando a infiltração de tropas através da técnica de “Fast Rope”. A retomada da posição culminou com a prisão dos insurgentes e a evacuação dos mesmos com uso de viaturas blindadas Piranha III. Enquanto nas águas de Furnas, foi realizado uma demonstração de Vistoria e Inspeção (GVI) com apreensão de embarcação suspeita, sucedida pela infiltração de tropas em meio aquático por uma aeronave UH-15 “Super Cougar”, que empregou a técnica de “Helocasting”, precedendo uma operação de desembarque ribeirinho com emprego de viaturas CLAnf, lanchas e uma portada “Castor”, finalizando a ação, foi feita uma simulação de ataque químico, onde o Batalhão NBQR entrou em ação fechando a apresentação com chave de ouro.

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ADESTRAMENTO OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS

Na terça-feira (16), foi a vez de realizar um grande exercício interagências, onde a Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), participou em parceria com a Santa Casa de Passos de uma simulação de incidente com múltiplas vítimas, tendo por objetivo capacitar profissionais civis e militares para atuar de forma eficiente em situações de emergência. O treinamento envolveu cerca de 200 colaboradores de diversos setores do hospital e teve como objetivo aprimorar os protocolos e procedimentos adotados nessas circunstâncias críticas.

A simulação permitiu que as entidades envolvidas no atendimento a emergências testassem seus tempos de resposta e oferecessem treinamento adicional aos seus colaboradores. Durante o exercício, foram simulados três incidentes distintos: o desabamento do telhado da Igreja São João Batista, um afogamento no Clube Náutico em Furnas e um acidente de carro em frente à JBS, que gerou contaminação por amônia. No total, os incidentes resultaram em 20 vítimas, que foram encaminhadas simultaneamente à Santa Casa de Passos.

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A simulação, realizada em parceria com a Marinha do Brasil, também envolveu o Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária e a Polícia Militar.

Ainda neste âmbito, foi realizada uma simulação de ataque as instalações de Furnas, com a simulação da tomada das instalações por um grupo terrorista, o que envolveu a necessidade de emprego do Grupamento Especial de Retomada e Resgate (GERR), o qual teve como missão neutralizar a ameaça representada pelo grupo armado, resgatar os reféns e retomar o controle das instalações, garantindo sua segurança.

ADESTRAMENTO OP. RIBEIRINHAS

Fechando o pacote de adestramentos, a fase final da “Operação Furnas 2023”, envolveu o adestramento dos militares em operações ribeirinhas, uma capacidade essencial a força naval brasileira, tendo em vista a composição de nosso território, o qual possui diversos biomas, e um dos que mais desafiadores é o ribeirinho.

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Nesta fase foram realizadas diversas oficinas, as quais se destacam a de natação utilitária, que promove a pratica das mais variadas técnicas de nado e transposições de cursos d’água, como as técnicas de transposição com cabo submerso, “espinha de peixe” e “Pelota” dentre outras. Também é realizada a oficina de barcos, onde os militares são treinados na operação e manutenção dos variados tipos de meios empregados em operações ribeirinhas, oficina de desembarque ribeirinho e operações ribeirinhas com CLAnf.

Este ano a “Operação Furnas 2023” ficou marcada como a maior operação já realizada pela Marinha do Brasil em Minas Gerais, sendo uma das maiores também no âmbito nacional, sendo superada apenas pela “Operação Formosa” em complexidade e números.

 

Por: Angelo Nicolaci

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