
Após quase 60 anos como a espinha dorsal do transporte tático na Força Aérea Brasileira, o norte americano Lockheed C-130 “Hércules” se aproxima do encerramento de uma era sob o cocar brasileiro, uma história marcada por inúmeras missões que ficaram nas páginas da história da aviação militar brasileira.
O quadrimotor de transporte tático de maior sucesso na história mundial, que opera com a FAB desde 1964, quando ocorreu o recebimento dos dois primeiros exemplares em 31 de agosto daquele ano, com mais um chegando em 05 de dezembro, totalizando as três primeiras aeronaves C-130E “Hércules” recebidas em 1964. Outras cinco aeronaves chegaram ao Brasil entre 1965 e 1969, marcando o início de uma era que chega ao fim, com a previsão de desativação dos últimos quatro exemplares em operação do C-130H no final de 2023. Ao todo 29 exemplares do C-130 “Hércules” operaram no Brasil nos quase 60 anos de muita história.
Com a chegada do Embraer KC-390 “Millennium”, a FAB ingressa em outro nível de capacidades táticas de transporte, superando em desempenho e capacidade o mítico “Hércules”, que agora encerra sua carreira no Brasil.
As variantes do “Hércules” na FAB
Inicialmente a FAB operou entre 1964 e 1969, oito exemplares da variante C-130E, além de três exemplares da variante de busca e salvamento (SAR) SC-130E, vocacionadas para cumprir missões de busca e salvamento (SAR), aerofotogrametria e reconhecimento fotográfico, entregues ao Brasil em 1969.
Os primeiros exemplares da variante “Hotel”, começaram a operar com a FAB entre 1975 e 1976, sendo três C-130H e dois KC-130H, com outros três chegando em 1987. A última aquisição de aeronaves C-130H pela FAB, ocorreu em 2001, quando foram adquiridos 10 exemplares da variante “Hotel” junto a Força Aérea Italiana, totalizando o número de 16 aeronaves da variante C-130H operadas pela FAB.
Uma curiosidade, é que apenas os “Hércules” da variante “KC” eram capazes de realizar REVO, diferente dos modernos C-390 “Millennium” da Embraer, que são capazes de cumprir um variado leque de missões, demandando um curto período de tempo para instalação dos kits de missão, um importante salto em relação ao “Hércules”.
Ao longo de quase seis décadas em operação no Brasil, um total de 29 “Hércules” voaram com as cores brasileiras, cumprindo um variado leque de missões, que vão desde o transporte de carga e tropas, passando pelo lançamento de paraquedistas, reabastecimento em voo (REVO), combate a incêndio e o apoio ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), esta última, uma das mais complexas missões voadas pelo “Gordo”, como é apelidado o “Hércules” no Brasil.
Mas como tudo um dia chega ao fim, a trajetória do “Hércules” no Brasil se aproxima do fim, deixando apenas muitas histórias e memórias aqueles que voaram esta incrível aeronave, responsável por muitos episódios em que foram fundamentais para o apoio a população brasileira, dentro e fora do Brasil, nas mais diversas missões.
Seu substituto, o brasileiro Embraer KC-390, é um gigante a altura do desafio de substituir o lendário “Hécules”, entregando um desempenho superior, com avançada tecnologia embarcada e capacidades de emprego até então inéditas no Brasil, se colocando como um potencial substituto do “Hércules” não apenas no Brasil, mas nos mais de 74 países que operam o C-130, como ocorre com Portugal, Hungria, Holanda e potencialmente a Suécia.
Por Angelo Nicolaci