
Nesta edição da Operação Formosa 2023, os norte americanos retornaram a participar do mais importante exercício do calendário da Força de Fuzileiros da Esquadra da Marinha do Brasil, neste ano com envio de 50 militares do USMC, os famosos Marines, que participaram das atividades desenvolvidas a partir da Base Expedicionária de Fuzileiros Navais em Formosa, o famoso Centro de Instrução de Formosa (CIF).
Em meio à árida paisagem do Cerrado, famosa pela terra fina e vermelha, os Marines acompanharam de perto as capacidades expedicionárias do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil, que neste ano ainda teve uma maior participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, no que entrou para história do exercício anual, como o maior já realizado no âmbito de interoperabilidade entre as Forças Armadas Brasileiras, numa demonstração de profissionalismo e eficiência logística e operacional dos militares brasileiros.
O exercício que para os americanos representa aa importância crescente da colaboração internacional na abordagem dos desafios de segurança global e na promoção da estabilidade regional, foi um desafio para a tropa norte americana, que se deparou com as características climáticas e de terreno encontrados em Formosa, as quais são comuns a áreas desérticas, onde se encontram temperaturas altas durante o dia, com muito sol e baixa umidade do ar, que se contrasta com a rápida queda de temperatura a noite, chegando a sensação térmica próxima de 0ºC. A tropa destacada pelos EUA para participar dos exercícios, é oriunda de Camp Pendleton, na Califórnia.
O exercício deste ano sofreu com o impacto de um grave acidente envolvendo um helicóptero da Marinha do Brasil, o qual caiu durante exercícios com 14 militares a bordo, dos quais doze foram resgatados com vida, porém, infelizmente sofremos duas baixas dois brasileiros perderam a vida tragicamente.
Os Marines que participavam dos exercícios, ficaram impactados com o ocorrido, e chamou sua a atenção a pronta resposta, mobilização, assim como a presença do Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, que visitou a base no dia seguinte para prestar apoio aos militares diante do ocorrido.
As palavras dirigidas pelo Ministro da Defesa à imprensa, nas quais ele sublinho o risco inerente as atividades militares, e o reconhecimento pelo sacrifício que se exige destes homens e mulheres na defesa da pátria, e que os mesmos devem aos seus companheiros que tombaram, continuar treinando e lutando para garantir um mundo mais seguro. Ele elogiou a resposta corajosa e rápida dos médicos, motoristas e muitos outros militares que ajudaram a salvar e tratar os sobreviventes.
O acidente resultou em uma drástica mudança na programação inicial do exercício, onde foi decidido pelo cancelamento da Demonstração Operativa (DemOp), porém, se decidiu continuar com os exercício de adestramento previstos, para garantir a segurança e a prontidão dos batalhões.
Os exercícios de adestramento são essenciais para manter e melhorar a prontidão e preparação dos combatentes anfíbios da Marinha do Brasil. Este exercício permite que seus fuzileiros navais aprimorem suas habilidades de combate, testem equipamentos e pratiquem a operação em vários terrenos e cenários, e Formosa é o único cenário onde é possível realizar o adestramento de tiro real com todo arsenal empregado pela Força de Fuzileiros da Esquadra. O treinamento regular garante que eles estejam preparados para lidar com os mais adversos cenários de emprego.
O exercício para os Marines, foi uma ótima oportunidade de cambiar conhecimentos e técnicas entre suas tropas e as brasileiras, com os Marines da Companhia Echo, adquirindo uma importante experiência neste tipo de cenário, atuando em conjunto com a infantaria dos Fuzileiros Navais Brasileiros, participando de diversos treinamentos.
O exercício Formosa, um dos principais treinamentos da capacidade expedicionária da Força de Fuzileiros da Esquadra da Marinha do Brasil, oferece uma plataforma ideal para as forças armadas de ambas as nações melhorarem sua interoperabilidade, conduzirem operações conjuntas e trocarem conhecimentos inestimáveis sobre táticas e estratégias. Tendo como pano de fundo um cenário de segurança global em constante mudança, a participação dos fuzileiros navais dos EUA baseados em Camp Pendleton, na Califórnia.
Além da participação da tropa norte americana, outras nações participaram com observadores, dentre os membros da OTAN, elencamos Alemanha, Espanha, França e Itália, os membros do BRICS, China e África do Sul, além de Bolívia e México.
A parceria bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos continuou a se fortalecer nos últimos anos. Os EUA e o Brasil participaram juntos de treinamento bilateral em guerra na selva, de múltiplos intercâmbios de especialistas no assunto e trabalharam juntos durante a UNITAS, evento ocorrido no Brasil em 2022. Através da compreensão mútua e de interesses partilhados, ambas as nações reconhecem a importância da cooperação para enfrentar ameaças comuns, como o crime organizado transnacional, o terrorismo e a salvaguarda da segurança marítima.
Para os Estados Unidos, a participação no Exercício Formosa 2023 reafirma o seu compromisso em fortalecer os laços com parceiros estratégicos na América Latina. A participação dos Marines mostra apoio aos esforços contínuos do Brasil na promoção dos valores democráticos e no apoio ao Estado de direito em todo o continente.
Os exercícios de treinamento de campo são fundamentais para a prontidão operacional, desenvolvimento de habilidades e preparação dos Fuzileiros Navais. Ao participar regularmente desses exercícios, os militares garantem que seu pessoal seja bem treinado e esteja pronto para cumprir sua missão de defender os interesses do Brasil no país e no exterior.”
O Capitão Benjamin Fischer, oficial de escritório do Brasil nas Forças do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Sul, elogiou a parceria Brasil-Americana, afirmando: “Nosso envolvimento no Exercício Formosa reflete a estreita colaboração entre os Estados Unidos e o Brasil no enfrentamento dos desafios de segurança comuns. Juntos, nós reforçamos a mensagem de que a preservação da estabilidade regional é uma responsabilidade partilhada e que as nossas forças armadas desempenham um papel crucial na consecução desse objetivo.”
Os Marines participaram de muitos eventos de treinamento durante o exercício, desde tiro real de metralhadora M240G até um desembarque anfíbio que incluiu manobras táticas reais com vários elementos de infantaria, veículos blindados anfíbios, táticas defensivas, reabastecimentos e socorro. O treinamento incluiu até cursos cognitivos.
Este treinamento cognitivo é semelhante ao processo de tomada de decisão militar denominado OODA-Loop (Observar, Orientar, Decidir e Agir e depois prosseguir para fazê-lo novamente), que foi criado pelo Coronel da Força Aérea dos EUA John Boyd para ajudar os aviadores a aumentar sua tomada de decisão ao conduzir combate aéreo. O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) criou um treinamento que pode aumentar a proficiência e a velocidade na tomada de decisões, especialmente quando essas decisões são a diferença entre a vida e a morte.
O Corpo de Fuzileiros Navais ofereceu aos Marines com instalações e campos de treinamento mais do que adequados, segundo o Capitão do USMC, Benjamin Fischer. Segundo ele, os brasileiros ajudaram os Marines a construir um novo campo de tiro de metralhadora, onde instalaram as M240 americanas e armas automáticas brasileiras para simular um campo defensivo de distância desconhecida.
O Exercício Formosa 2023, com certeza representou uma experiência ímpar para interoperabilidade não só entre as tropas brasileiras, mas também para a parceria entre Brasil e EUA no campo militar, somando em conhecimento para ambos os lados.
Conteúdo e imagens by BrasilDefesa