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Bayraktar TB3 – Uma opção para Marinha do Brasil?

Nesta segunda-feira (27), a turca Baykar, empresa com bem sucedido histórico no desenvolvimento e produção de sistemas aéreos remotamente pilotados (SARP), apresentou oficialmente durante a Teknofest 2023, sua mais nova aeronave remotamente pilotada (ARP), a variante de emprego naval embarcada Bayraktar TB3. Esta desenvolvida a partir do famoso Bayraktar TB2, aeronave que se destacou em sua atuação em conflitos na Líbia, Síria, Karabakh e atualmente na Ucrânia, representando uma verdadeira revolução no campo de batalha moderno.

Já era de conhecimento geral que a Baykar vem trabalhado há algum tempo no desenvolvimento do TB3, uma versão do TB2 com capacidade para operar a partir de pistas curtas, concebida para operar a partir do TCG “Anadolu”, novo navio de assalto anfíbio multipropósito da Marinha Turca, que deve ser entregue ao Comando das Forças Navais Turcas em breve. E o mesmo já desponta como um potencial sucesso de exportações, sendo a primeira aeronave remotamente pilotada com asas dobráveis projetada para operar embarcada.

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O Bayraktar TB3, se enquadra perfeitamente nos requisitos para uma aeronave remotamente pilotada com capacidade de empregar armamento a partir de nosso Navio Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, sanando uma lacuna na capacidade de projeção do poder naval brasileiro, tendo em vista a ausência da capacidade de operar aeronaves de asa-fixa  embarcadas com a baixa do NAe São Paulo.

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Analisando o atual cenário, a aquisição de um meio aéreo como o Bayraktar TB3, afim de operar com o mesmo a partir do NAM “Atlântico”, viria a representar um enorme salto tecnológico e em capacidade operacional, sendo uma solução atraente com custo/benefício interessante para nossa realidade orçamentária. Onde obteríamos a capacidade de esclarecimento, vigilância e coleta de inteligência de longo alcance, e dispondo de poder de resposta contra potenciais ameaças de superfície, o qual hoje temos limitações pela ausência de uma Navio Aeródromo que possibilite operar nossos AF-1 Skyhawk com maior autonomia e menor tempo de resposta sobre nossa “Amazônia Azul” e zonas de interesse mais afastadas do litoral.

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As dimensões apresentadas pelo convoo do TCG “Anadolu”, navio que deverá passar a operar em breve com o Bayraktar TB3, é muito similar as encontradas em nosso NAM “Atlântico”, sem contar que a possibilidade de dobrar as asas apresentada pelo TB3, facilita a operação do mesmo, tornando possível descer com o mesmo pelos elevadores do NAM “Atlântico” e hangarar o mesmo, o que abre espaço para operar com um mix de meios aéreos, composto por aeronaves de asas rotativas e a ARP, garantindo maior flexibilidade de emprego, sendo capaz de não apenas projetar poder sobre terra, mas ampliando a capacidade de monitoramento e defesa da esquadra em “águas azuis”, criando uma maior consciência situacional e proporcionando poder de resposta imediato a ameaças de superfície em um raio maior de atuação, o que representa ganho no nível de defesa do Grupo Tarefa (GT).

Em termos de projeção do poder naval sobre terra, a adoção de uma ARP na categoria do TB3, representa uma maior taxa de eficiência no preparo e sucesso de uma incursão anfíbia, provendo coleta de inteligência, apoio aéreo aproximado e proporcionando poder de ataque contra posições inimigas. Considerando os mísseis MAM-C e MAM-L que podem ser empregados pelo TB3, obtemos um formidável poder de fogo, sendo capaz de neutralizar viaturas blindadas e carros de combate oponentes, reduzindo o contato das tropas em solo com estas ameaças e sendo um fator dissuasório a qualquer ação de resposta inimiga, o qual terá de passar a monitorar atentamente o espaço aéreo.

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O futuro da aviação militar de combate serão as aeronaves remotamente pilotadas, não que as aeronaves tripuladas sejam substituídas por ARPs, mas as vantagens apresentadas nos recentes conflitos em que foram empregadas soluções como o Bayraktar, demonstram que os custo/benefício do emprego deste tipo de meio aéreo, é muito superior ao emprego de meios tripulados, somando-se aos custos envolvidos na aquisição, manutenção e reposição de perdas em combate, o custo representado pela ausência do fator psicológico representado pela perda de um piloto em combate, por si já cobre todo investimento demandado na implantação de um sistema aéreo remotamente pilotado de combate (SARP-C).

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As capacidade e o histórico bem sucedido do Bayraktar em sua variante TB2, com certeza nos poupam da apresentação de argumentos que justifiquem a aquisição deste meio aéreo em sua variante TB3 pela nossa Força Aeronaval, restando-nos apenas como obstáculos reais a uma decisão favorável a aquisição de um meio deste tipo, as limitações orçamentárias e a visão míope de nossos governantes, aqueles que definem quanto será destinado aos investimentos em aquisições e manutenção de nossas capacidades de defesa, aqueles que infelizmente são absurdamente alienados as questões estratégicas nacionais, chegando ao ponto de tornar um grande desafio o desenvolvimento nacional de nossa indústria de defesa, a qual carece de atenção, incentivo e apoio governamental, eu torço para que possamos realizar a aquisição de um sistema SARP-C como o Bayraktar TB3, e que um dia possamos desenvolver no Brasil algo neste nível, seguindo o exemplo da Turquia.

Por Angelo Nicolaci  

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