
A China na última década apresentou um vertiginoso crescimento no seu poderio naval, construindo uma poderosa força naval, a qual após experimentar um exponencial avanço no que tange a sua capacidade tecnológica, exibe um número de meios que a coloca como um importante player no cenário mundial.
Após ampliar suas capacidades, agora a China começa a implementar seus planos para projetar sua presença e influência fora do seu “quintal”. Com estabelecimento de sua primeira base naval no estrangeiro construída no Djibouti em 2017, agora a China se prepara para estabelecer maior presença em outras regiões do globo.
Recentemente foi anunciado o interesse de estabelecer uma nova base naval na Guiné Equatorial, levando sua capacidade operacional mais ao sul do continente africano, onde tem construído um importante influência na região através de diversas parcerias com governos africanos. Se for consolidado o acordo para estabelecimento desta base naval, a China ganhará uma relevante capacidade de operações navais no Atlântico Sul, o que deve ampliar sua influência e garantir projeção real de força numa das mais importantes regiões do planeta, por onde trafega boa parte do comércio marítimo que alimenta a Europa.
Outro ponto que nos desperta atenção, é o aumento da pressão chinesa sobre a Argentina, onde já estabeleceu um centro de comunicação e pesquisas espaciais na Patagônia, e hoje exerce pressão para obter autorização para estabelecer uma base naval na Argentina.
O intuito chinês é construir uma base naval em Ushuaia, ponto estratégico que garantiria a Pequim um “trampolin” para a Antártica, além de permitir que a China tenha capacidade de controlar o tráfego marítimo entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Tais possibilidades, nos levam a necessidade de uma importante discussão que deve ser realizada no seio da sociedade brasileira, uma vez que nosso entorno estratégico imediato e zona de influência que deveria ser nossa, esta a poucos passos de ser dominado pela expansão do império chinês.
Assim, é preciso que a sociedade brasileira como um todo, necessita de abrir os olhos para questões estratégicas de interesse nacional que há décadas tem sido ignoradas, não apenas pelo poder público, mas pelo empresariado e demais setores que mantém uma visão limitada e míope, o que esta resultando na perda gradativa da influência nacional em sua zona estratégica.
Existem pontos focais que devem ser revistos: Como o investimento em nossas Marinha do Brasil e Marinha Mercante, investimento em capacidade de nossa Força Aérea e o estímulo a ampliação dos vínculos de defesa entre o Brasil e demais estados do hemisfério, incentivo as indústrias brasileiras a inserir seus produtos e serviços em outros mercados, em especial o africano, estreitar os laços de cooperação militar nas águas do Atlântico Sul, este ultimo passa por um já muito atrasado programa de modernização e ampliação das capacidades navais.
A China tem feito o dever de casa, e nis últimos quarenta anos construiu uma nação forte e influente, saindo de um ponto de atraso muito maior que o experimentado pelo Brasil na década de 80, para se colocar muito a frente de nós, que em quatro décadas, não conseguimos registrar nenhum relevante passo rumo a conquista do protagonismo mundial que nos é de direito.
Nos faltam lideranças sérias e comprometidas com um projeto real de estado, falta educação de qualidade, valorização de nossas indústrias e principalmente uma reforma política e econômica séria, somadas a uma percepção pelo brasileiro de sua real capacidade e vocação no cenário mundial.
Por Angelo Nicolaci
Ótimo artigo. Situação preocupante, mesmo!
Excelente texto.