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20 Anos do Batalhão de Blindados – Conheça a história e a comemoração do vigésimo aniversário

Na manhã ensolarada da última quarta-feira, dia 28 de junho, nosso editor teve a honra de participar da Cerimônia alusiva aos 20 anos de ativação do Batalhão de Blindado de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav), como único representante da mídia especializada em defesa presente ao evento, tendo como local as instalações desta Organização Militar, no Complexo Naval da Ilha do Governador (CNIG).

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A cerimônia contou com ilustres e históricas presenças, com brasileiros que escreveram com muito suor e dedicação, militares que criaram não só as bases que levaram ao dia 23 de março de 2003, mas que lançaram as sementes nos idos anos 70, que hoje entregam uma capacidade ímpar e uma história rica em determinação e pioneirismo na força anfíbia brasileira, a qual hoje comemora 20 anos de história e tradição.

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“Inspirado por toda a história e tradições que absorvemos neste evento, com os relatos daqueles que fizeram a história, como oficiais, comandantes e praças, os quais tiveram importante papel na construção do que hoje se tornou o Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, remonta um período que se iniciou aproximadamente 30 anos antes da criação desta Organização Militar que hoje comemora seus 20 anos. Então resolvi escrever um pouco sobre a história que na prática está próximo de atingir o “jubileu de ouro”, e espero que consiga apresentar aos nossos leitores essa trajetória a altura que se exige” (Angelo Nicolaci).

Conhecendo a história antes do Batalhão de Blindados

Apesar de sua criação há 20 anos, como uma Organização Militar com a missão de otimizar o preparo e o emprego dos meios blindados pelos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav), operando os carros de combate (CC) e viaturas blindadas pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, concentrando em suas Companhias toda uma gama de capacidades de transporte e apoio de fogo a infantaria, empregando viaturas blindadas sobre lagartas e sobre rodas e carros de combate, é importante observar que existe toda uma história que antecede a ativação do OM, no que diz respeito ao emprego de blindados pelo Corpo de Fuzileiros Navais, e nos cabe homenagear e manter viva toda a história da criação da capacidade de emprego de viaturas blindadas pela Marinha do Brasil através do Corpo de Fuzileiros Navais, “Nossa força que vem do mar”.

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O Batalhão de Blindados (BtlBldFuzNav) foi originalmente formado por duas subunidades distintas, ambas com muita história e tradição no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), e surge como resultante da evolução natural exigida pelos avanços nos conceitos doutrinários do emprego de meios no moderno cenário estratégico que está em constante mudança, e com vistas a esta evolução, se viu necessária uma reestruturação, a qual resultou na criação do BtlBldFuzNav em 2003.

Seguindo essa linha evolutiva, podemos fazer uma viagem no tempo, regressando a década de 70, para sermos mais preciso, a história de fato teve início com a Marinha do Brasil passando a operar com cinco protótipos do veículo blindado de transporte de pessoal sobre rodas (VBTP-SR) 6×6 EE-11 “Urutu”, fabricado pela brasileira Engesa, sendo o primeiro veículo blindado adquirido pela Marinha. Esses cinco exemplares do EE-11 “Urutu” foram incorporados ao CFN em julho de 1973, sendo empregados em apoio e reconhecimento, sendo operados pelo Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), subordinado ao Comando de Reforço.

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No ano seguinte, ocorreu um importante marco na história dos “Blindadeiros” na Marinha do Brasil, com a aquisição em 7 de novembro de 1974 de 30 blindados M113, momento no qual o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), passou a incorporar as Viaturas Blindadas Especiais Sobre Lagarta M113 A1 (VtrBldEsp SL M113 A1), surgindo ali a Companhia de Viaturas Anfíbias (CiaVtrAnf), subordinada à época ao Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), hoje Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf). Ainda na década de 70, a CiaVtrAnf passou a ser denominada a partir de 1977, como Companhia de Viaturas Blindadas (CiaVtrBld).

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Também foi no final da década de 70, que outro importante pilar do que viria a se tornar o BtlBldFuzNav foi lançado, quando em novembro de 1979, a Marinha do Brasil realizou a aquisição dos Carros de Combate Leve Sobre Rodas (CCL-SR) EE-9 “Cascavel” junto a extinta brasileira ENGESA. Assim logo no início da década de 80, foi criada em 20 de fevereiro de 1980 a Companhia de Carros de Combate (CiaCC), que operou durante duas décadas com sucesso os carros de combate EE-9 “Cascavel”, que proporcionaram mobilidade e poder de fogo a força anfíbia, servindo como embrião doutrinário do emprego de carros de combate pelo CFN, sendo um importante meio na incorporação doutrinária de carros de combate no apoio as operações anfíbias e a infantaria.  Ainda é possível ver de perto um exemplar do EE-9 “Cascavel” da CiaCC preservado e exposto ao público no “Espaço Cultural da Marinha”, localizado no centro da capital do Rio de Janeiro.

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Seguindo a linha evolutiva, agora regressamos ao final da década de 90, quando foi firmado no ano de 1998, o contrato para aquisição de 17 Carros de Combate Leve Sobre Lagarta (CCL-SL) SK-105 A2S junto a austríaca Steyr Daimler Puch, que desembarcaram no Porto do Rio de Janeiro em 2 de fevereiro de 2001, significando uma importante pagina na evolução da capacidade da força de blindados do Corpo de Fuzileiros Navais, incorporado a CiaCC.

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E chegando ao final dos primórdios do emprego de blindados pela Marinha do Brasil e iniciando o atual momento em que comemoramos os 20 anos de ativação do BtlBldFuzNav, chegamos a fase de restruturação pela qual o Corpo de Fuzileiros Navais se submeteu, e foi no dia 21 de fevereiro de 2003, que a então Companhia de Carros de Combate foi desativada, sendo suas instalações então passando a ser ocupadas pelo Núcleo de Implantação do Batalhão de Blindado de Fuzileiros Navais, o qual passou a incorporar como parte de sua estrutura a Companhia de Carros de Combate (CiaCC) composta pelos CCL-SL SK105 A2S, e a Companhia de Viaturas Blindadas (CiaVtrBld), com as VtrBldEsp SL M113 A1, transferida do Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf). Assim, surgiu de fato, o Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) como Organização Militar do
setor operativo, tendo ocorrido no dia 26 de março de 2003.

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A história do Batalhão de Blindados e o seu “Batismo de Fogo”

Logo nos primeiros anos do Batalhão de Blindados, o Brasil assumiu o comando de uma importante missão de paz no âmbito das Nações Unidas (ONU), enviando um contingente de “Peacekeepers” para o Haiti, com a missão de estabilizar o país, liderando a “MINUSTAH”, neste cenário de emprego de forças de paz, foram enviados contingentes do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil, onde o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, força profissional vocacionada como Força Expedicionária, passou a atuar no teatro de operações haitiano, e como resultado nas experiências naquele cenário, se identificou a necessidade imediata de adoção de uma nova viatura blindada sobre rodas para dar apoio e proteção as tropas brasileiras no Haiti.

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Assim, no ano de 2006, a Marinha do Brasil fechou um contrato com a suíça MOWAG, tendo por objeto a aquisição da Viatura Blindada Especial Sobre Rodas 8×8 Piranha IIIC (VtrBldEsp-SR), e com a chegada do primeiro lote da nova viatura, foi criada à Companhia de Viaturas Blindadas Sobre Rodas (CiaVtrBldSR). Que representou um importante salto em capacidade operativa ao CFN.

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Apesar da atuação em um longo período no Haiti, foi só no ano de 2010, que ocorreu o que de fato pode ser considerado o “batismo de fogo” do Batalhão de Blindados, e este se deu em território nacional, para ser exato na capital do estado do Rio de Janeiro, onde o Batalhão de Blindados foi acionado para atuar em apoio as forças de segurança do estado, garantindo mobilidade e proteção as forças policiais e militares que atuavam em conjunto na retomada do controle das comunidades carentes do Rio de Janeiro, que estavam sob domínio de narcotraficantes.

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Foi no âmbito das famosas Operações de Garantia da Lei e da Ordem, que o Batalhão de Blindados pela primeira vez testou na prática todo potencial de suas viaturas e tripulações na condução de ações em zona de conflito armado, superando barricadas e obstáculos, levando os agentes do estado até pontos estratégicos para o controle destas zonas urbanas sob o controle de narcotraficantes, e que sem o apoio das viaturas “Piranha IIIC” e M113 A1, haveria perda de muitas vidas.

O Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, foi fundamental para a política de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro, tendo se mostrado uma força capaz e eficiente frente ao desafiador cenário de ameaças assimétricas no teatro de operações urbanas.

 O Presente

Progredindo em sua linha de constante evolução e atualização de meios, a Marinha do Brasil, firmou em 5 de outubro de 2020, o contrato de aquisição da Viatura Blindada Leve Sobre Rodas (VtrBldL SR) 4X4, “Joint Light Tactical Vehicle” (JLTV), novo meio operativo do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, aquisição realizada por meio do programa “Foreign Military Sales” (FMS).

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O “Joint Light Tatical Vehicle Heavy Gun Carrier” (JLTV HCG), produzido pela norte-americana “OSHKOSH DEFENSE”, estão sendo recebidos e incorporados ao Corpo de Fuzileiros Navais, incluindo no pacote kits de integração, equipamentos, armas, sistemas e subsistemas e Pacote Logístico integrado (equipamentos de testes e ferramental, sobressalentes, treinamento, manuais técnicos, logística e assistência técnica).A introdução dessa nova viatura blindada proporcionará à Força de Fuzileiros da Esquadra novas capacidades, conforme já publicado por nós em artigos e matérias que abordaram a aquisição e incorporação do JLTV.

Voltando a Cerimônia

A comemoração dos 20 anos de criação do Batalhão de Blindados, foi marcante, com a leitura da “Ordem do Dia”, discurso do V.Alte Renato Rangel Ferreira, Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, que antecedeu a cerimônia de premiação dos militares que se destacaram em suas atividades.

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Após essa etapa, foi realizado o desfile militar do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, onde seus militares marcharam a frente das viaturas blindadas que compõe hoje seu inventário.

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Durante a cerimônia, 38 alunos do ensino público convidados para acompanhar o evento, dentre os quais uma aluna refugiada da Venezuela, acompanharam a cerimônia, com alguns desses jovens alunos comentando de seus planos futuros de fazer parte do Corpo de Fuzileiros Navais, os mesmos tiveram a oportunidade de conversar com V.Alte Renato Rangel Ferreira, e tiraram fotos com o mesmo.

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Na fase final das comemorações, foi lançado um vídeo institucional apresentando a história destes 20 anos do Batalhão de Blindados e os seus predecessores, além da revista comemorativa, que narra com detalhes a trajetória da gênese dos “Blindadeiros” do Corpo de Fuzileiros Navais, e foi marcante a emoção demonstrada pelas palavras de seu comandante, Capitão de Fragata Rodrigo Ramos Ferreira, que prestou as justas homenagens aqueles que escreveram a história desta Organização Militar.

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O C.Alte José Henrique Salvi Elkfury, proferiu um discurso carregado de emoção, relembrando momentos importantes da história dos blindados em nosso Corpo de Fuzileiros Navais, mantendo viva e acesa a chama de “Blindadeiro” que mantém todos aqueles que fizeram parte dessa história. Vários membros da primeira tripulação e várias gerações de “Blindadeiros” prestigiaram o evento, que culminou com o tradicional corte do bolo.

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O Praça mais antigo, Sub-Oficial (SO) Daniel, recebeu a honra de partir o bolo, e recebeu do oficial mais moderno da OM, o primeiro pedaço, simbolizando o reconhecimento dos nossos veteranos pela nossa nova geração de “Blindadeiros”. O SO Daniel tem uma vasta experiência e muitas histórias, tendo participado não só da história dos primeiros blindados, mas também o mitológico CamAnf.

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Aqui mais uma vez quero prestar o reconhecimento e homenagem aos esforços e sacrifícios diários de nossos “Guerreiros de Aço” do passado, do presente e os que estão ingressando, agradecendo por todo seu trabalho e profissionalismo, garantindo a nossa “Força que vem do mar”, a capacidade expedicionária que lhe é atribuída, e a poder de defender nossa Nação.

 

Hoje o nosso brado é  “AÇO!!!!

ADSUMUS!

Viva a Marinha Invicta de Tamandaré!

Por Angelo Nicolaci

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