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“VBTP Guarani” – Conheça a espinha dorsal da Infantaria Mecanizada no EB

É fato que nossas forças armadas enfrentam grandes desafios que superam suas atribuições constitucionais, quer seja pelos meios chegando ao estado de obsolescência, quer pelos recursos aquém das necessidades para garantir um nível tecnológico condizente com o moderno teatro de operações.
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Apesar dos obstáculos e os diversos desafios enfrentados, o Exército Brasileiro tem conseguido conduzir a duras penas importantes programas de reaparelhamento, dentre estes resolvemos destacar o VBTP “Guarani”, a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Média Sobre Rodas 6×6 (VBTP-MSR 6×6) desenvolvida pelo Exército Brasileiro em parceria com a IVECO, o qual se tornou a espinha dorsal da Infantaria Mecanizada brasileira, representando um importante salto tecnológico, embora críticos apontem algumas deficiências e limitações, o mesmo consegue atender adequadamente aos requisitos e necessidades não só do Exército Brasileiro, atraindo interesse de outros países nesta interessante viatura brasileira, e na estréia do Brasil Defesa, você poderá conhecer melhor este produto de defesa brasileiro.
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Como surgiu o VBTP “Guarani”?

O “Guarani” surgiu da necessidade identificada pelo Exército Brasileiro de substituir as vetustas viaturas EE-11 Urutu e EE-9 “Cascavel”, estas viaturas foram fabricadas a partir da década de 70 pela “finada” ENGESA”, as quais foram criadas para atender as necessidades brasileira e se tornaram sucesso de exportação nos anos 80, apresentando um excelente rendimento para época, porém, após mais de 40 anos de seu desenvolvimento, as mesmas encontram-se obsoletas frente as atuais ameaças, não atendendo as necessidades do moderno campo de batalha.

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Engesa EE-11 “URUTU”
O projeto do “Guarani” tem como foco atender as especificações do Exército Brasileiro, projetado como uma viatura moderna, incorporando os mais modernos conceitos e tecnologias, vindo a representar um verdadeiro salto em relação a tudo que era operado até então pelo Brasil, provendo mobilidade e proteção a sua tripulação e a infantaria, capaz de atuar com segurança nos mais variados cenários.
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O Iveco SuperAV serviu como base para o “Guarani”
Seu desenvolvimento teve início em 2008, concebido já no intuito de implementar um novo conceito operacional, transformando a Infantaria Motorizada em Mecanizada, dando novas capacidades a Cavalaria Mecanizada. A IVECO teve como ponto de partida a plataforma da viatura SuperAV, que serviu como base para o projeto do “Guarani”, o qual apresenta algumas semelhanças, embora o “original” seja uma viatura 8×8, na concepção do “Guarani” a opção foi por uma configuração 6×6, a qual deu origem a uma série de variantes, como a Viatura Blindada Especial de Engenharia (VBE Eng). Inicialmente havia pretensão de desenvolver uma variante mais pesada, essa com configuração 8×8, a qual estava previsto ser dotada de uma torre com canhão 105mm, porém, após diversos estudos de viabilidade, tal opção foi cancelada, dando origem ao Programa VBC Cav MSR 8×8, no qual saiu vencedor outro projeto da Iveco, o caça-tanque Centauro II e seu armamento de 120mm.
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Os primeiros exemplares do “Guarani” começaram a ser entregues em 24 de março de 2014, equipando a 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, marcando o início de uma nova era na Cavalaria Mecanizada do Exército Brasileiro. 
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O VBTP “Guarani” possui dimensões consideráveis, sendo bem maior que o antecessor EE-11 “Urutu”, ponto que equivocadamente levanta criticas por alguns “especialistas”, os quais questionam estas características, em especial sua silhueta “alta”, apresentando 2,4m de altura, com a largura de 2,7m e um comprimento de 6,9m e chegando ao peso de 17ton pronto para combate. O “Guarani” possui espaço interno suficiente para comodar 11 homens, sendo 3 tripulantes e um Grupo de Combate (Um GC é composto por 8 infantes) de maneira confortável em relação aos meios anteriores operados no Brasil.
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O projeto do “Guarani” apresenta um chassi formado por duas longarinas na base do veículo, o qual abriga todo sistema de suspensão, os elementos de transmissão com sua respectiva caixa e dois diferenciais, um dianteiro e outro traseiro. Sobre este conjunto é montada a estrutura blindada, com casco em forma de “V”, capaz de resistir até 6 kg de explosivos.
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Embora tenha como base o projeto do SuperAV, o projeto do “Guarani” recebeu inúmeras modificações em relação ao projeto base, incorporando muitos componentes oriundos das linhas de caminhões pesados da IVECO no Brasil, solução encontrada para reduzir os custos de manutenção das viaturas e facilitar sua logística, promovendo assim uma alto índice de nacionalização de componentes, substituindo componentes originalmente desenvolvidos para o projeto do SuperAV.
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O “Guarani” incorporou diversas modificações afim de atender aos requisitos do Exercito Brasileiro, sendo mais leve que o italiano SuperAV, adotou um conjunto propulsor Iveco FPT Cursor 9 com 383 hp e 154 mkgf de torque, capaz de operar com diesel ou querosene de aviação; A transmissão é a automática ZF Friedrichshafen 6HP602S para alimentar o conjunto motriz, a propulsão aquática é feita pelo sistema Bosch Rexroth A2FM80.
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O “Guarani” é a primeira viatura blindada brasileira que prevê proteção contra minas e IED’s, com capacidade de resistir á 6kg de explosivo sob a viatura, tendo superado diversos testes a que foi submetido, proporcionando segurança aos seus ocupantes, registrando durante as avaliações, poucas lesões nos bonecos utilizados para simular a tripulação da viatura, o que durante ação real, teria garantido não apenas a sobrevivência dos ocupantes, mas seu rápido regresso as atividades militares, o que representa um importante fator. 
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Além da proteção contra explosivos e minas, a blindagem do “Guarani” é capaz de oferecer proteção contra munição calibre 7,62 perfurante, sendo capaz de receber blindagem adicional, a qual amplia a resistência á disparos, podendo suportar impactos de munição .50 antiaérea. 
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Como é a construção do “Guarani”?
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O processo de produção do “Guarani” se dá em 6 etapas, realizadas na planta industrial da Iveco Defense em Sete Lagoas (MG), sendo esta a primeira unidade da IVECO Defense Vehicle (IDV) fora do continente europeu, contando com cerca de 30 mil metros quadrados, dos quais 18 mil são de área construída, abrigando todas as etapas de produção do “Guarani”, incluindo linhas completas de funilaria, pintura, montagem, testes e acabamento final do veículo. 
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A produção do “Guarani” começa pela etapa de construção do “casco”, o trabalho de funilaria se dá em duas fases, na primeira são montados os subgrupos que compõe o “casco”, nesta fase as chapas blindadas são soldadas criando seções, as quais são encaminhando para segunda fase, onde as seções são unidas e dão origem ao “casco” da viatura propriamente dito.
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Após a conclusão da montagem do “casco” do “Guarani” o mesmo é encaminhando para uma nova etapa, nesta o “casco” recebe o material balístico, o qual oferece proteção ao interior da viatura, impedindo que estilhaços e fragmentos de projéteis penetrem no interior da viatura, absorvendo também o impacto e servindo de isolante acústico, material conhecido como “Liner”. Após essa etapa, o “casco” é encaminhado para a etapa de pintura. Nesta etapa, o “casco” do “Guarani” recebe uma proteção e um tratamento de chapa, recebendo tinta de fundo e o esmalte, o qual passa pelo processo de secagem em estufa de 80ºC. 
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Após completar a etapa de pintura, o “casco” do “Guarani” finalmente segue para etapa de montagem, onde irá receber o chassi com conjunto motriz e demais itens internos e externos, é nesta etapa que o “Guarani” realmente ganha vida, recebendo os sistema de proteção QBN (química, biológica e nuclear) Aero Sekur, sensor de fogo e supressão automático Martec, painel digital do motorista, sistema elétrico CANBUS 24V, assentos com absorção de choque, câmeras, sistema de ar condicionado da Euroar, sistema de runflat Hutchinson, eixos motrizes Dana, freios hidropneumático, com discos nas 6 rodas, ABS e freio de estacionamento na transmissão, caixa de transferência ZF Friedrichshafen 6HP602S, suspensão da Iveco do tipo McPherson independente nas seis rodas e direção hidráulica nos dois eixos dianteiros. 
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O sistema de comando e controle fica por conta de dois rádios Harris Falcon III com GPS integrado, um intercomunicador Thales SOTAS, um computador Geocontrol CTM1-EB e software GCB (Gerenciador do Campo de Batalha), desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento de Sistemas do Exército.
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A variante equipada com Sistema de Arma Remotamente Controlado (SARC) REMAX, conta com unidades eletrônicas e eletromecânicas e conjuntos de cabos que interligam as unidades do Sistema REMAX fornecidas pela brasileira AEL Sistemas. O Sistema REMAX é produzido pela também brasileira ARES, sendo formado por duas partes: A estação de arma, instalada na parte externa do veículo, e o console de operação, que fica na parte interna. Controlado remotamente por apenas um operador, que fica dentro do veículo e permite um disparo preciso mesmo em condições de movimentação do veículo e do alvo.
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Após a conclusão da etapa de montagem, o “Guarani” é enviado para a pista de testes, onde realiza avaliações estáticas e dinâmicas, onde é realizada um extenso programa de avaliações dos sistemas da viatura, afim de garantir sua qualidade e determiná-la apta para entrega. Ao passar pela avaliação é chegada a última etapa que o “Guarani” passa na fábrica antes de finalmente ser entregue e incorporada ao Exército Brasileiro, a viatura é minunciosamente lavada, recebe os últimos retoque e ganha a pintura camuflada final.
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O Exército Argentino avaliou o “Guarani”
O VBTP-MR “Guarani” exibe robustez e desempenho já comprovadas pelo Exército Brasileiro, tendo despertado o interesse de outros países, exportado para o Líbano que recebeu 16 viaturas, as Filipinas fecharam a aquisição de 28 unidades do “Guarani” em 2020, tendo recebido o primeiro lote de 5 viaturas em junho deste ano (2022), Gana também optou pela compra de 10 viaturas brasileiras. A Argentina tem manifestado interesse na aquisição do “Guarani”, tendo realizado uma extensa avaliação da viatura brasileira, inclusive tendo vazado na mídia especializada brasileira (GBN Defense) alguns números sobre as pretensões argentinas, porém, a crise econômica no país vizinho tem sido um entrave na aquisição da viatura pelos “hermanos”
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Desempenho do “Guarani”
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Contando com um reservatório com capacidade total de 270 litros, dos quais 260 litros utilizáveis, apresenta um consumo médio de 2,3 km/l, considerando uma velocidade constante de 70 km/h, o que confere uma autonomia de aproximadamente 600km. O “Guarani” possui uma relevante capacidade de aceleração e frenagem, acelerando de 0 a 30 km/h em 7,4 segundos, atingindo velocidade máxima de 105 km/h, seu desempenho em frenagem é de 60 km/h a 0 km/h em 30 metros. O sistema de freios adotado pelo “Guarani” conta com dez pinças no total, duas para cada um dos quatro discos dianteiros e uma para os discos traseiros. 
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As armas do “Guarani”
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Com relação ao armamento do “Guarani”, o mesmo é bem flexível e possui variadas configurações, havendo como opções a torre com canhão automático de 30mm UT-30BR, reparo SARC-REMAX de metralhadora nos calibres .50 ou .30, ainda há uma variedade de armas e sistemas que podem ser instalado em versões específicas da viatura.
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Iveco Guarani
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Velocidade máxima: 105 Km/h.
Alcance Maximo: 600 Km.
Motor: Motor Iveco Cursor 9 com 383 hp movido a diesel.
Peso: 17,5 Toneladas (preparado para operação anfíbia).
Comprimento: 7 m.
Largura: 2,7 m
Altura: 2,4 m.
Tripulação: 3+8 militares equipados.
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 30º
Vala: 1,3 m.
Tipo: Anfíbio.

 
 

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